domingo, 28 de outubro de 2012

Incerteza.

- Você não me conhece. Eu tenho gritar isso, porque você está surdo. A sedução me escraviza a você, ao fim de tudo, você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim. E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa. Você não tem um nome, eu tenho. Você é um rosto na multidão, eu sou o centro das atenções. Mas a mentira da aparência do que eu sou, e a mentira da aparência do que você é, porque eu não sou o meu nome e você não é ninguém. O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível da aproximação através da aceitação da distância e do reconhecimento dela. Entre eu e você existe a notícia que nos separa. E eu quero que você me veja a mim. Eu me dispo da notícia e a minha nudez parada te denuncia e te espelha. Eu me delato. Tu me relatas. Eu nos acuso. E confesso por nós. Assim me livro das palavras, as quais você me veste...

Maria Bethânia 

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