segunda-feira, 18 de junho de 2012

Amor,

- É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chope é gelado. É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrascos de domingo, nas festas agendadas do de vez em quando. Difícil é amar quando o outro desaba, quando não se acredita em mais nada, e entende tudo errado, e paralisa, e vitimiza, e perde o charme, o prazo, a identidade, a coerência, o rebolado. Difícil é amar quando o outro fica cada vez mais diferente do que ele habitualmente ele se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já fora embora. Quando as cortinas se abrem e não se vê mais ninguém na platéia. Quando seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. Difícil é amar quando não está se amando. Mas esse talvez seja, sim, o tempo em que o outro mais precisa sentir-se amado. Eu não acredito na existência de botões, alavancas, rupturas, ou algo do tipo, que façam as dores mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação, no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos, nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.

Víctor Castro & Bianca Castro.
Kelly Ribeiro .

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